Exercícios Aula 03
Olá
Como hoje já iniciamos a Aula 04, acredito que esse seja o momento certo para fazer alguns exercícios sobre o que passou, a Economia do ouro e implicações de seu período.
Tenho encontrado alguns poucos exercícios de Enem, mas os que selecionei buscam reproduzir um estilo parecido do que normalmente é cobrado.
Abraços e boa aula!
Pedro.
Exercícios Aula 03
As respostas estão ao final das questões, comentadas.
01. (Fuvest) No século XVIII a produção do ouro provocou muitas transformações na colônia. Entre elas podemos destacar:
a) a ocupação da Amazônia, o início da produção do tabaco, a introdução do trabalho livre com os imigrantes;
b) a introdução do tráfico africano, a integração do índio, a desarticulação das relações com a Inglaterra;
c) a industrialização de São Paulo, a produção de café no Vale do Paraíba, a expansão da criação de ovinos em Minas Gerais;
d) a preservação da população indígena, a decadência da produção algodoeira, a introdução de operários europeus;
e) o aumento da produção de alimentos, a integração de novas áreas por meio da pecuária e do comércio, a mudança do eixo econômico para o Sul.
02. (UFES) A expansão do ouro aparentemente simples atraiu milhares de pessoas para a América Portuguesa cuja população estimada passou de 300 000 habitantes em 1690 para 2 500 000 em 1780. Metade desse aumento demográfico ocorreu na região mineradora. Considerando essas afirmações, pode-se afirmar que:
a) O denominado “ciclo do ouro” possibilitou uma espécie de atração centrípeta para o mercado interno desenvolvido pela mineração e, assim, contribuiu como fator de integração regional na América Portuguesa;
b) A população atraída para a mineração também desenvolveu intensa atividade agrária de subsistência, propiciando reconhecida autossuficiência que inibiu qualquer tipo de polarização;
c) O Regimento dos Superintendentes / Guardas-Mores e Oficiais Deputados para as Minas que em 1702 instituiu a Intendência das Minas mantinha rigorosa disciplina militar e constante vigilância na Estrada Real, impedindo o ingresso de emboabas e mascates nas regiões de ouro e diamantes;
d) O denominado “ciclo do ouro” ocasionou uma espécie de atração centrífuga, pois as riquezas auríferas de Goiás e da Bahia contribuíram para financiar simultaneamente o denominado renascimento agrícola no Nordeste do Brasil no final do século XVII;
e) A integração regional da América Portuguesa consolidou-se durante a União Ibérica (1580-1640) quando foi removida a linha de Tordesilhas, possibilitando a convergência das regiões de pecuária para o grande entreposto comercial que consagrou a região de Minas Gerais.
03. (PUC – SP) Leia o texto abaixo:
“Assim confabulam, os profetas, numa reunião fantástica, batida pelos ares de Minas. Onde mais poderíamos conceber reunião igual, senão em terra mineira, que é o paradoxo mesmo, tão mística que transforma em alfaias e púlpitos e genuflexórios a febre grosseira do diamante, do ouro e das pedras de cor?”
ANDRADE, Carlos Drummond de. Colóquio das Estátuas.
A origem desse traço contraditório que o poeta afirma caracterizar a sociedade mineira remete a um contexto no qual houve:
a) a reafirmação bilateral do Tratado de Tordesilhas entra Portugal e Espanha e o crescimento da miscigenação racial no ambiente colonial;
b) o rebaixamento na política de distribuição de terras na colônia e a vigência de uma concepção racionalista de planejamento das cidades;
c) a diversificação das atividades produtivas na colônia e a construção de um conjunto artístico e arquitetônico que singularizou a principal região da mineração;
d) o deslocamento do eixo produtivo do nordeste para as regiões centrais da colônia e o desenvolvimento de uma estética que procurava reproduzir as construções românicas europeias;
e) a expansão do território colonial brasileiro e a introdução, em Minas, da arte conhecida como gótica, especialmente na decoração dos interiores das igrejas.
04. (ENEM 2017)
"Na antiga Vila de São João del Rei, a atual cidade de Tiradentes (MG), na primeira metade do século XVIII, mais de cinco mil escravos trabalhavam na mineração aurífera. Construíram sua capela, dedicada a Nossa Senhora do Rosário. Na fachada, colocaram um oratório com a imagem de São Benedito. A comunidade do século XVIII era organizada mediante a cor, por isso cada grupo tinha sua irmandade: a dos brancos, dos crioulos, dos mulatos, dos pardos. Em cada localidade se construía uma igreja dedicada a Nossa Senhora do Rosário. Com a decadência da mineração, a população negra foi levada para arraiais com atividades lucrativas diversas. Eles se foram e ficou a igreja. Mas, hoje, está sendo resgatada a festa do Rosário e o Terno de Congado.
CRUZ, L. Fé e identidade cultural.
Na lógica analisada, as duas festividades retomadas recentemente na cidade mineira de Tiradentes tem como propósito:
a) valorizar a cultura afrodescendente e suas tradições religiosas;
b) retomar a veneração católica aos valores do passado colonial;
c) reunir os elementos construtivos da história econômica regional;
d) combater o preconceito contra os adeptos do catolicismo popular;
e) produzir eventos turísticos voltados a religiões de origem africana.
05. (UNESP - Mod)
"E o pior é que a maior parte do ouro que se tira das minas passa em pó e em moedas para os reinos estranhos e a menor é a que fica em Portugal e nas cidades do Brasil, salvo o que se gasta em cordões, arrecadas e outros brincos, dos quais se vêem hoje carregadas as mulatas de mau viver e as negras, muito mais que as senhoras".
ANTONIL, André João. "Cultura e opulência do Brasil", 1711.
No trecho transcrito, o autor critica:
a) a corrupção dos proprietários de lavras no desvio de ouro em seu próprio benefício e na compra de escravos;
b) a incapacidade portuguesa de evitar que exploradores de outros países adentrassem na região das minas;
c) o desvio de recursos que deveriam financiar o desenvolvimento da colônia pela distribuição social e fuga de capitais para o estrangeiro;
d) o controle do ouro por funcionários reais corruptos e pouco preocupados com a economia da colônia;
e) a ausência de controle fiscal português no Brasil, causando o empobrecimento do estado português e por consequente sua submissão a outras nações europeias.
06. (UFRN) Sobre a chamada Inconfidência Mineira, a historiadora Cristina Leminski afirmou:
"Sem a derrama, o movimento esvaziava-se. Para a população em geral, se a derrama não fosse imposta, não fazia grande diferença se Minas era ou não independente. O movimento era fundamentalmente motivado por interesses, não por ideais. [...]. A prisão dos homens mais eminentes de Vila Rica provocou [...] alvoroço na cidade [...] e o visconde de Barbacena foi obrigado a admitir que a tentativa de manter sigilo sobre o processo era inútil".
LEMINSKI, Cristina. Tiradentes e a Conspiração de Minas Gerais.
O movimento do século XVIII abordado nesse fragmento textual relaciona-se com a:
a) pretensão das lideranças de Vila Rica, principais beneficiadas com a arrecadação tributária portuguesa;
b) repercussão da Revolução Francesa no seio da elite intelectual colonial da região aurífera nas Minas Gerais;
c) exploração tributária feita pela metrópole sobre os colonos portugueses, no contexto da crise do antigo sistema colonial;
d) revolta desencadeada pela decisão da Coroa de instalar Casas de Fundição, com o propósito de cobrar o quinto;
e) assumiu caráter estritamente popular, reunindo sobretudo mineradores e profissionais urbanos, como alfaiates e ourives.
07. (ENEM 2017)
" O instituto popular, de acordo com o exame da razão, fez da figura do alferes Xavier o principal dos Inconfidentes, e colocou os seus parceiros a meia ração de glória. Merecem, decerto, a nossa estima aqueles outros; eram patriotas. Mas o que se ofereceu a carregar com os pecadores de Israel, o que chorou de alegria quando viu comutada a pena de morte dos seus companheiros, pena que só ia ser executada nele, o enforcado, o esquartejado, o decapitado, esse tem de receber o prêmio na proporção do martírio, e ganhar por todos, visto que pagou por todos".
ASSIS, Machado de. Gazeta de Notícias, n. 114, 24 abr. 1892.
No processo de transição para a República, a narrativa machadiana sobre a Inconfidência Mineira associa
08. (Enem 2010)
"O alfaiate pardo João de Deus, que, na altura em que foi preso, não tinha mais do que 80 réis e oito filhos, declarava que "Todos os brasileiros se fizesse franceses, para viverem em igualdade e abundância".
MAXWELL, K. Condicionalismos da independência do Brasil.
O texto faz referência à Conjuração Baiana. No contexto da crise do sistema colonial, esse movimento se diferenciou dos demais movimentos libertários ocorridos no Brasil por
Respostas:
01. E. Pronto, sabemos tudo o que precisamos para não chamar esse período de ciclo do ouro e pra pensar nele como um movimento de integração e diversificação de atividades econômicas.
02. Cuidado sempre com termos fortes como definitivo, inibiu ou impediu! Quem pode afirmar, por exemplo, que não houve polarização econômica. Apesar disso, EM GERAL aumentou-se muito mais o comércio e o afluxo de riquezas não só para fora, mas circulando no pais. Aumentou muito o número de pessoas, então como se impediu que elas entrassem? Como as duas últimas alternativas são inconsistências históricas, letra A de amor.
03. Ignoremos as palavras de difícil compreensão: O texto fala do período do ouro, certo? E como vimos, o período não é só do ouro, mas de toda uma economia que cresceu à volta dessa atividade e se destacou, vindo a compor a economia majoritária local quando o ouro acaba. Além disso, a mineração financiou uma espécie de "renascimento cultural e artístico" nas serras das Minas, sobretudo de arte sacra e barroca, como as obras de Aleijadinho. Letra C! (Mas vale a pena comparar os estilos citados - românico e gótico - e o não citado, o barroco)
04. O ENEM quase sempre valoriza o simples e a sua experiência ao ler o texto. Vejam quantas informações ele te dá para, na alternativa A, resumir tudo isso e relacionar com um evento presente. Por mais que seja tentador, evitem pular os textos. Leiam as alternativas antes, pois isso pode direcionar a leitura do texto, mas a resposta estará lá.
05. Essa questão reflete como mesmo um padre como Antonil pode ver com desgosto a distribuição de recursos entre as camadas sociais, criticando a coroa portuguesa por permitir que o ouro extraído nas minas fosse parar na mão de negros, que ocultavam ouro coletado ou realizavam atividades remuneradas nas cidades, e reinos estrangeiros, através dos acordos comerciais que Portugal fez de modo a submeter-se sobretudo à produção manufatureira inglesa, enquanto permanecia preocupado apenas em extrair a terra. Letra C, de Cristo.
06. Não havia benefício por parte dessas lideranças revoltosas, mas sim uma insatisfação generalizada com a manutenção dos impostos mesmo com a produção de ouro se escasseando, o que levou à derrama ou confisco de bens, e o quinto já era cobrado desde o início do século. Além disso, a Revolução Francesa só ocorreu anos depois da Conjuração, sendo sua principal inspiração a Independência dos EUA. Portanto, letra C.
07. Sutilmente, Machado de Assis embute no texto a tradição religiosa, expressa nos "pecadores de Israel" em comparação à aproximação da imagem de Tiradentes a de Cristo como bode expiatório que pagou pelos pecados de todos, justamente escrito em um momento de reconstrução da identidade nacional, a Proclamação da República, e escolha dos heróis cívicos. A aproximação entre essa cultura cívica e o ideal redentor cristão dá essa tônica - Letra A.
08. Letra e, certo? Embora não tenhamos nos aprofundado nessa parte, é importante distinguir a participação popular na Conjuração Baiana, e a questão faz justamente esse paralelo com a Revolução Francesa.
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