Aula 08.2 - Abolição / Imigração
Boa noite
Vamos segurar um pouco o ânimo (ja que o Rodrigo está no império ainda rs)
e voltar a uma questão importante: a escravidão - como essa questão foi resolvida/escanteada
vamos ver tbm as soluções que o novo governo republicano deu a ela.
Abs,
Pedro
AULA 08.2 - Fim da escravidão no Brasil / imigração
Brasil - Sociedade Desigual
Desde os grandes "ciclos" de exploração na colônia há os grupos mais ligados ao poder (estrangeiro ou nacional) e a base da pirâmide, que venho chamando de "economia secundária brasileira" - grupos privados da riqueza.
Ainda no Império, em 1830, uma das principais atividades desses grupos era o comércio de trabalhadores escravos, vendidos na África. Em 1850, quando o comércio foi proibido, eles eram a maior parte dos brasileiros e a base de sustentação da economia - "era feio trabalhar", e aos escravos se dava essa tarefa.
Americanos e ingleses pararam antes
Porém, colônia e metrópole, discutindo outros conceitos, adaptaram sua forma de trabalho (assalariada) e passaram a pressionar as nações a seguir seus passos - economia secundária a nível global. Assim, lentamente a escravidão foi abolida pelo império, começando com os velhos (sexagenários), crianças (ventre livre) para depois os escravos, causando a ira das elites que apoiavam o imperador e eram "donos das peças".
Um ano depois, veio a República
Os negros haviam resitido muito - tanto fugindo (quilombos) quanto lutando (Guarda Negra). No geral, depois de libertos, puseram-se a serviço dos senhores que mais os protegessem, já que tanto a terra quanto a renda foi negada a eles.
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Luís Gama |
Alguns exemplos pontuais de voz ativa:
Lima Barreto |
- Luís Gama, de mãe liberta e pai branco. Analfabeto até os 17 anos, tornou-se jornalista e advogado defensor dos direitos dos negros. foi atacando pela imprensa por ser negro, maçom e jurista. Morreu seis anos antes da abolição, ficando como exemplo abafado pela históra dos vencedores.
- Lima Barreto - jornalista e escritor satírico. Neto de escravizados e filho de uma professora, formou-se nas escolas do império (instituições elitistas). Com o fim do império, foi rejeitado pelos cientístas, como os positivistas, se tornou burocrata. Escreveu Triste Fim de Policapro Quaresma, seu best seller que não o tornou conhecido - morreu no ano da Semana de Arte Moderna, 1922.
- Machado de Assis, talvez o principal cronista dos primeiros anos da República, também passou pela fresta da barreira imposta aos negros para o estudo, muito por conta do seu apadrinhamento. Ganhou o país um brilhante escritor.
- E muitos outros, como o jornalista José do Patrocínio e os irmãos engenheiros Rebouças. Vale ainda destacar a atuação do jurista Joaquim Nabuco na campanha abolicionista.
Porém, esses são exemplos pontuais que tiveram a oportunidade de levantar sua voz em defesa dos escravizados, a quem, via de regra, o estudo e o emprego eram negados, restando o trabalho, que desde a origem da palavra carrega o sentido de tortura. Nesse sentido, a República falhou, pois adotou outro tipo de resposta, embutida de racismo:
A imigração
A saída para o processo de adaptação de mão-de-obra no Brasil e inserção à realidade capitalista internacional foi a importação de trabalhadores. Vemos alguns princípios nessa iniciativa:
- A venda do ideal, na Europa, de que o Brasil era um país próspero, de origem nobre e cheio de oportunidades;
- A atração de um exército de mão-de-obra disponível, dado o excedente populacional no continente europeu após os processos de unificação (alemã e italiana)
- A iniciativa de branqueamento da população brasileira, amparada no racismo científico e na limpeza étnica proposta pelo governo.
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FATO: Não foi Hitler que criou a eugenia, ou racismo científico. Quando ele a levou ao extremo, já era uma teoria difundida e já havia sido aplicada pelo governo brasileiro. |
Como vimos anteriormente, a Lei de Terras foi uma forma de colocar a imensa disponibilidade (e posse) de terras sob o controle do governo, que poderia dispor dela para alocar os produtores de maior interesse ou consolidar a sua posse anterior. De fato, ela visava impedir que escravos e imigrantes, em um primeiro momento, adquirissem terras.
Regime de parceria
Dessa forma, os primeiros imigrantes vieram em condições análogas à escravidão: os proprietários investiam no seu traslado, que fazia com que os imigrantes já chegassem endividados ao Brasil. Ainda, o custoso fornecimento de alimentos era uma forma de mantê-los presos ao trabalho, uma vez que era praticamente impossível à eles acumular o pouco rendimento que tinham. Assim, no início, a imigração foi criticada nos países de origem, e muitos proibiram a ida de seus súditos ao Brasil.
Subvenção do estado
Dessa forma, a solução adotada, primeiro pelo imperador e depois pelos presidentes, foi subsidiar esses trabalhadores, de modo a manter a política eugênica do branqueamento. Grupos de imigrantes passaram a receber a doação de terras e fundar as primeiras colônias, assim como receberam salário do governo para se manterem independentes das fazendas.
Ou seja, o governo subsidiou a assimilação dos europeus recém-chegados à lógica de produção agrícola amparada no capital, mas jamais o fez com os negros e índios escravizados nos séculos anteriores, como forma de ser reconhecido como igual quando sentasse à mesa dos países europeus para pedir dinheiro para continuar plantando a terra de forma arcaica.
Velha Política
Isso tem raízes tanto no Império, cuja economia permaneceu viciada na exploração da mão-de-obra escrava, e após finalmente liberá-la morreu em abstinência. A república não solucionou esse problema, buscando uma alternativa que mantivesse a desigualdade social, mas que deixasse o país mais "branquinho".
Foi uma prática tanto dos militares, que abriram caminho para a República com a espada, dos ruralistas , ou os grandes proprietários que comandaram a República do café nos primeiros anos. O fato é que muda a atividade econômica - seja o crédito ou o funcionarismo público, mas pouco se mexe na desigualdade. Podemos falar em dívida histórica, ou em persistência nessa injustiça?
Fica a reflexão, e a tarefa de casa: Ouvir o disco Sobrevivendo no Inferno, dos Racionais MC's.
(Além de minha, é uma sugestão Fuvest justamente para tocar nessa questão tão abafada nos últimos séculos.
Por enquanto é isso. Abraço e bom final de semana.
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Os imigrantes no convés do navio (e não no porão) |
Velha Política
Isso tem raízes tanto no Império, cuja economia permaneceu viciada na exploração da mão-de-obra escrava, e após finalmente liberá-la morreu em abstinência. A república não solucionou esse problema, buscando uma alternativa que mantivesse a desigualdade social, mas que deixasse o país mais "branquinho".
Foi uma prática tanto dos militares, que abriram caminho para a República com a espada, dos ruralistas , ou os grandes proprietários que comandaram a República do café nos primeiros anos. O fato é que muda a atividade econômica - seja o crédito ou o funcionarismo público, mas pouco se mexe na desigualdade. Podemos falar em dívida histórica, ou em persistência nessa injustiça?
República: Já nasceu uma velha surda às necessidades de seus filhos. Ela também quase não se move, vivendo de seus empregados. |
Fica a reflexão, e a tarefa de casa: Ouvir o disco Sobrevivendo no Inferno, dos Racionais MC's.
(Além de minha, é uma sugestão Fuvest justamente para tocar nessa questão tão abafada nos últimos séculos.
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Carandiru - Esse é o plano de carreira final, segundo um estado negligente. |
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